segunda-feira, 9 de junho de 2008

Jatene: "É preciso qualificar o debate político"

* Ex-governador fala por duas horas e meia ao blog
* "Eu nunca pedi nada ao prefeito Duciomar Costa"
* "Ética e política nunca andaram de mão dadas"
* "Jamais brigarei com o Almir Gabriel. Jamais."

A quatro meses das eleições das eleições de outubro, o ex-governador Simão Jatene – que governou o Pará de 2002 a 206, o último quatriênio dos doze anos consecutivos em que os tucanos se mantiveram à frente dos destinos do Estado – vê o PSDB vivendo um período de inflexão: o partido que esteve no poder agora precisa adotar novas práticas, provocar novos debates, redefinir seus projetos e assumir novas estratégias para não apenas sobreviver como oposição, mas novamente ocupar posição de destaque em todos os cenários – do nacional aos regionais.
Mas não é apenas esse o foco das preocupações de Jatene. Preocupa-o muito mais a pobreza, a mediocridade, a quase inexistência do debate político, durante os períodos eleitorais e mesmo fora dele.
“É preciso requalificar o debate político. É preciso dar mais qualidade ao que se discute durante as campanhas políticas. Não é possível que se pergunte a um candidato sobre o preço da passagem de ônibus, o cara não saiba e depois ele fique mercado apenas porque não soube informar isso. Não é por aí”, diz o ex-governador, ele mesmo beneficiário, em boa parte, do desgaste de sua adversária em 2002, a petista Maria do Carmo, hoje prefeita de Santarém, que se confundiu ao responder a uma pergunta sobre o preço da passagem de ônibus e ofereceu a seus adversários um prato cheio para explorarem a grave eleitoralmente.
Presidente de honra do PSDB e articulador de maior destaque das negociações que vão definir os rumos do partido nas eleições de outubro, sobretudo em Belém, Simão Jatene recebeu o poster no último final de semana para um conversa que durou cerca de duas horas e meia.
O ex-governador não se recusou a responder a qualquer questão. Em nenhum momento saiu-se com aquele pedido que é muito comum as fontes fazerem a jornalistas que conversam com elas: “... Mas eu preferia que você não divulgasse isso”. Ao contrário, Jatene falou abertamente sobre todos os temas propostos na conversa – vários deles por iniciativa de seu interlocutor, outros provocados pelo próprio ex-governador.
Falou sobre o processo político em curso no PSDB para a definição de candidaturas à Prefeitura de Belém, falou sobre seu relacionamento com o governo Duciomar Costa, sobre o rompimento político com o ex-governador Almir Gabriel, sobre a credibilidade da classe política, sobre Amazônia, sobre novas mídias e novas tecnologias de comunicação - principalmente os blogs -, sobre poder e poderosos, sobre os dramas de quem governa e muito mais.
A conversa ocorreu no sábado pela manhã, antes, portanto, da reunião de membros do Conselho Político do PSDB ocorrida na tarde do mesmo dia, no apartamento do ex-governador, e durante a qual praticamente se definiu que o arquiteto e ex-secretário de Cultura Paulo Chaves deverá ser o candidato a vice na chapa encabeçada por Valéria Pires Franco, conforme o blog adiantou ontem à noite.
O que você vai ler abaixo representa, em verdade, a reconstituição da conversa, tão longa ela foi e tão rica de informações. Dividi-la em tópicos talvez contribua para a melhor compreensão dos assuntos que foram discutidos. A seguir, um pouco de Simão Jatene fora do poder. Mas sempre de olho nele.

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A RECUSA EM SER CANDIDATO A PREFEITO
Jatene explicou pela primeira vez as motivações que o levaram a resistir a todas as pressões internas no PSDB para não sair candidato a prefeito de Belém. Em vez de responder diretamente - com um “sim” ou “não” - à pergunta sobre se decidiu fugir da disputa em outubro para se preservar como candidato do PSDB ao governo do Estado em 2010, Jatene preferiu oferecer situações concretas que, segundo afirmou, expôs claramente aos integrantes do Conselho Político do PSDB, formado por vereadores de Belém, senadores e deputados estaduais e federais do partido.
Jatene disse ter mostrado, por exemplo, que um deputado federal tem bastante influência na região de Paragominas. Um outro tem grande penetração na região do Baixo Amazonas. Um outro no sul do Pará. Se qualquer um desses fosse alçado à condição de candidato a prefeito de Belém e ganhasse a eleição, no máximo abriria mão de atender mias assiduamente a uma região específica, a um segmento do eleitorado. No caso dele, que já é conhecido no Estado inteiro, se disputasse a eleição e eventualmente ganhasse, deveria despender todas as suas energias em administrar Belém, subtraindo seu tempo e disposição para ajudar o partido a se recompor e se fazer forte em todo o Estado. Evitando a disputa, acha o governador, abre-se espaço para que outros companheiros de partido se projetem eleitoralmente, já que Belém, por ser a Capital, é inevitavelmente uma grande vitrine eleitoral para quem a governa.

AS RELAÇÕES COM O GOVERNO DUCIOMAR COSTA
Jatene reagiu de forma amistosa, mas com expressão normalmente não admissível pelo tucanês, quando questionado sobre se tinha consistência a informação, largamente disseminada, de que defendeu – ardorosamente, segundo algumas versões – uma aliança do PSDB com o PTB do prefeito Duciomar Costa porque teria interesses pessoais a preservar. E tais se expressariam, sobretudo, na presença de parentes seus no governo municipal, como é o caso de sua irmã Rejane Jatene, secretária de Saúde.
“Isso é uma s....”, desabafou o ex-governador. “Nunca pedi nada ao Duciomar e ele nunca me pediu nada. A única coisa que eu disse a ele na frente de vários companheiros, quando perdemos a eleição de 2006, é que ele seria a vitrine dali para a frente, na condição de prefeito de Belém”, relatou Jatene, em referência à época em que ainda sobrevivia a “União pelo Pará”, ampla aliança que tinha o PTB de Duciomar como um dos partidos que a integravam.
Quanto à nomeação de sua irmã para a Secretaria de Saúde, o ex-governador afirmou que não teve qualquer interferência nisso. Revelou inclusive que, por causa da concordância da irmã em ser nomeada para a Sesma, chegou a ficar agastado Rejane, a quem externou claramente a sua insatisfação por entender que, inevitavelmente, passariam a explorar o fato politicamente, debitando a ele próprio, Jatene, e por reflexo ao PSDB, interferências indevidas nesse sentido. Eu disse à minha irmã que isso [a nomeação] seria um complicador, seria uma coisa complicada. Mas ela quis ser secretária e foi nomeada, sem que eu tenha pedido absolutamente nada ao Duciomar”, disse o ex-governador.

A NOMEAÇÃO DE PARENTES E AS SINECURAS
Jatene fez questão de ressaltar que o fato de opor-se à nomeação da irmã não significa que ela não tenha méritos ou competência para ser secretária. Considera equivocado e marcado pelo “falso moralismo” o debate tendente a considerar que a nomeação de qualquer parente, apenas por isso, é ato reprovável e revelador da intenção do governante de destinar sinecuras a apaniguados políticos.
A definição para tais indicações deve ter como critério exponencial o mérito, ressaltou o ex-governador. Além disso, complementou Jatene, é preciso que o indicado se conduza conforme a essência do termo que configura sua condição: a de servidor público. Servidores públicos, reforçou Jatene, devem servir ao público e à administração, nos limites estritos de princípios éticos pelos quais devem se orientar todos os que ocupam cargos públicos.

AS PREFERÊNCIAS PESSOAIS SOBRE ALIANÇAS
Sobre o processo decisório até aqui em curso no PSDB, para escolha de candidaturas a prefeito de Belém, o ex-governador também negou enfaticamente que tenha, em algum momento, defendido com maior ou menor ênfase uma aliança do PSDB com o PTB do prefeito Duciomar Costa.
“Eu tenho mais atuado como árbitro, como mediador em todo este processo. O que fiz, sim, e tenho feito sempre é mostrar os prós e contras de todas as alternativas postas sob apreciação – seja uma candidatura própria, seja uma aliança com o DEM para apoiar a candidatura da ex-vice-governadora Valéria Pires Franco, seja uma aliança com o PTB do prefeito Duciomar Costa”, esclareceu Jatene.
E no processo de discussão interna, tanto no Conselho Político como no encontro que reuniu membros dos diretórios Estadual e Municipal de Belém, afirmou o governador, foram discutidas e avaliadas de forma transparente todas as alternativas possíveis, inclusive a possibilidade de que uma eventual candidatura própria do partido se preste a ser uma espécie de “linha auxiliar” que favoreceria a reeleição de Duciomar.

UM PROJETO PARA BELÉM
Jatene confirmou que, se realmente aprovada até última instância - a Convenção partidária marcada para o final deste mês – a aliança do PSDB com o DEM de Valéria, é intenção dos tucanos discutirem de forma ampla e consistente não apenas estratégias e táticas eleitorais, mas um projeto efetivo de governo para Belém.
Preliminarmente, informou o ex-governador, a idéia é fazer algo parecido com a Agenda Mínima, pela qual sua gestão no governo do Estado se orientou. Lançada em 2003, a Agenda Mínima, que previa investimentos de R$ 2,2 bilhões, chegou a cerca de R$ 3 bi e inclui o Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE), que criou 15 milhões de hectares de reservas florestais, naquilo que Jatene define com um “pacto entre o homem e a natureza”.
Ultimamente, o ex-governador tem avaliado com bastante entusiasmo o trabalho desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, o Imazon, e especificamente sobre o Belém sustentável 2007. Definido pelo próprio Instituto como “o mais amplo relatório socioambiental já realizado sobre a Grande Belém”, o projeto trata de dos temas centrais da vida da cidade, como praças, floresta urbana, lixo, água, esgoto, transporte, poluição sonora, poluição visual e patrimônio histórico.
Nesse sentido é que o Belém Sustentatável 2007, ressalta o ex-governador, tem tudo para servir de embrião, de balizamento, de forte inspiração para que se formule um projeto integrado e amplo que solucione ou mesmo aperfeiçoe questões vitais para a cidade.

O PSDB FORA DO GOVERNO
Jatene vê seu partido vivendo no Pará um momento que ele classifica de “extremamente rico”, apesar de estar na oposição e dos impactos e dos abalos que representou a derrota para a governadora Ana Júlia Carepa na eleição de 2006. “Todo mundo previu a derrocada total. Previu que o partido acabaria. É claro que perdemos vários quadros, mas estamos aí, com dois senadores, dez deputados estaduais, três federais, dois vereadores em Belém e mais de trinta prefeitos em todo o Estado. Quem tinha de sair já saiu”, reforça Jatene.
Ele tem se mostrado bastante otimista com os encontros regionais que o partido tem feito regiões-pólo do Pará, como é o caso de Santarém, Altamira, Marabá, Canaã do Carajás e vários outros municípios do Estado. Esses têm sido momentos de reoxigenação do PSDB, de debates internos, de formulação de políticas, de confronto de idéias – diz o ex-governador.
Ele citou especificamente o Encontro Regional de Marabá, no qual se encontravam presentes representantes de vários partidos, o que revela, segundo entende Jatene, a capacidade que o PSDB ainda tem de aglutinar apoios e adesões em torno de projetos que aproveitem à coletividade.

O ROMPIMENTO COM ALMIR GABRIEL
Jatene não se eximiu de falar de tema que deve soar-lhe como bastante delicado, por envolver também sentimentos pessoais: o rompimento com o ex-governador Almir Gabriel, governador do Pará por oito anos consecutivos (de 199e a 1992) e desde o início deste ano fora da vida pública e longe Pará, uma vez que passou a residir em Bertioga, no litoral de São Paulo.
Em todos os momentos, Jatene deu evidentes demonstrações de que considera o rompimento uma opção e decisão unilaterais de Almir para com ele, sem que exista a menor e mais remota reciprocidade da parte dele, Jatene. “Sou amigo do Gabriel. Sempre serei. Gosto dele. Jamais brigarei com ele. Jamais”, disse o ex-governador.
Disse que não tem a que atribuir a mágoa do ex-governador, mas admitiu – respondendo com um “pode ser” - que uma, apenas uma das razões seja uma suposta avaliação de Almir de que ele, Jatene, poderia ter-se empenhado bem mais, e de forma decisiva, para eleger o companheiro e amigo governador do Pará pela terceira vez.
Quanto a esse ponto, no entanto, Jatene apresentou uma explicação: afirmou que a condução de todo o processo eleitoral de 2006 foi deixado pelo partido inteiramente nas mãos de Almir Garbriel: “Nós sempre tivemos a convicção de que o Gabriel sabia e sabe tudo. Todos nós sempre pensamos isso. Deixamos [o processo eleitoral] inteiramente com ele, tanto antes como durante a campanha de 2006”, afirmou Jatene.
Ele garantiu durante a conversa – e por duas vezes – que em nenhum momento, durante a campanha, Almir fez qualquer reparo ou qualquer ponderação sobre o maior ou menor empenho da participação dele, Jatene.
O ex-governador negou enfaticamente uma outra especulação que muito se faz, de que ele não teria se empenhado em favor de Almir porque, em verdade, ele é que queria mesmo ser o candidato tucano à reeleição, o que seria natural, já que era o governador do Estado na época.
“Isso não tem a menor procedência. Não tem o menor fundo de verdade. Eu jamais pensei em concorrer à reeleição. Por convicção, por princípio, sempre fui contra a reeleição. E nisso, aliás, sempre divergi do Gabriel. Sempre achei que reeleição não é salutar. Todos no partido conheciam essa minha posição. O que aconteceu, então? Tínhamos que eu não queria disputar a reeleição, e o Gabriel queria candidatar-se a um terceiro mandato. Juntou-se, portanto, a fome à vontade de comer. E ele se candidatou, com o apoio de todos nós”, relembra Jatene.
Quando convidado a avaliar a que atribuir a opção de Almir em não apenas ter deixado a política, mas ter-se afastado do Pará para fixar residência em outro Estado, Jatene lembrou que muitas vezes as homens públicos não apenas se cansam da atividade pública, mas se desencantam com ela.
Lembrou, além disso, que o ex-governador e sua família enfrentaram um drama pessoal muito grande, a partir da prisão, em novembro de 2006, de um dos filhos de Almir, Marcelo Gabriel, acusado de integrar um suposto esquema de fraudes no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Você nem é capaz de imaginar o que seja isso. É um drama enorme”, resumiu o ex-governador, que admitiu, também por mero exercício de especulação, que de alguma esse episódio por ter concorrido para a mágoa do ex-governador. E completou: “O Gabriel precisou se agarrar em algum motivo [para o rompimento unilateral]. E se para aliviar a sua dor, eu fui escolhido para ser o demônio dessa história toda, tudo bem. Mas reafirmo: jamais briguei e nem brigarei com o Gabriel”, reforçou.

O DRAMA DE GOVERNAR
Jatene revelou que seu maior “drama”, sua maior “angústia” nos quatro anos em que exerceu o mandato de governador do Pará foi a definição de prioridades e das escolhas impostas pela limitação de recursos com que se defronta todo administrador público, sobretudo quando à frente de um Estado com tantas e tão acentuadas carências e desigualdades como o Pará.
“Era horrível eu ter de escolher, por exemplo, entre a educação e a saúde. Como eu vou optar por uma ou outra? As duas são essenciais. Isso foi uma situação que me angustiou muito”, confessou o ex-governador.
Nesse sentido, num rápido olhar para trás das realizações de seu governo, faz uma avaliação que tem dois extremos, dependendo do ângulo em que seja considerada: “Sinceramente, quando faço um retrospecto e vejo o que nosso governo fez, tanto o do Gabriel como o meu, eu acho que resgatamos este Estado. Mas esse é um ponto. Aí, caboco, quando você muda o foco e vê o que ainda temos para fazer, é que nos espantamos: ‘Puxa, não fizemos nada. Nada”, descreve Jatene, para realçar os desafios, distorções e carências que ainda perduram insolúveis no Pará.”

“ÉTICA E POLÍTICA NUNCA ANDARAM DE MÃOS DADAS”
O ex-governador não escamoteia quando instigado sobre a conduta dos homens públicos e sobre a credibilidade da classe política. “Ética e política nunca andaram de mãos dadas”, admite sem meias palavras o ex-governador. Mas ele considera que, mesmo assim, ninguém pode ingressar em generalizações tendentes a estigmatizar a priori qualquer político, apenas porque é político.
É preciso, diz o tucano, que o governante adote posturas de transparência que o identifiquem como alguém que, ao orientar-se por projetos bem definidos, demonstre à população claramente seu estilo e suas intenções.
Nesse sentido, e apenas para ilustrar sua concepção, contou uma história.
Disse que quando era governador foi visitar um bairro da periferia de Belém e foi abordado por morador que lhe estendia um papel, exigindo-lhe que se comprometesse por escrito a executar determinada obra há muito esperada por todos os moradores.
- Você me desculpe, caboco. Mas eu não vou assinar isso, não. O que lhe prometo é que vou mandar fazer um estudo técnico sobre o que você está me pedindo. Se for viável, faremos a obras. Do contrário, não – respondeu Jatene ao morador.
Mas ele insistiu em cobrar-lhe o preto no branco.
- Ele [o morador] tanto insistiu que eu passei a mão no bigode, arranquei um fio e disse: ‘Toma este fio do meu bigode. Agora, tu vais me prometer uma coisa. Se eu fizer o que estás me exigindo, eu voltarei aqui. E vais me devolver o fio do meu bigode. Aconteceu que nós fizemos a obras que nos cobravam e eu voltei lá [no bairro]. Voltei e cobrei o fio do meu bigode. Mas ele [o morador] não me devolveu”, contou Jatene.

ENFOQUE ERRADO SOBRE A AMAZÔNIA
O ex-governador considera totalmente equivocados debates sobre a Amazônia, principalmente os que se relacionam a questões ambientais.
Avalia como fundamental que, em qualquer circunstância, não se devem perder de vista três “vetores” fundamentais para sedimentar propostas conseqüentes que conciliem a preservação ambiental com o desenvolvimento sustentável.
Primeiro, diz Jatene, é preciso dar relevância de que é preciso mudar a matriz energética. Nesse segmento, destaca o ex-governador, o Brasil está bem, porque é dependente de 75% de energia limpa, e a Amazônia está muito melhor, considerando-se até mesmo o inestimável potencial hidroenergético.
Segundo, é preciso mudar o padrão de consumo, criar novos hábitos condizentes com um tratamento saudável da natureza. E terceiro, diz o ex-governador, deve-se considerar as possibilidades de nichos ambientais que ofereçam a exploração de serviços ambientais em escala planetária.
Nesse aspecto, diz o ex-governador, a Amazônia está em vantagem. E no Pará, lembrou Jatene, foi aprovado em seu governo o que ele considera uma das maiores realizações de sua administração: o Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE), que oferece ao Poder Público todas as possibilidades de uso racional dos diversos ambientes da Amazônia, nas mais variadas regiões do Estado, em proveito do homem em sua relação com a natureza.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO ANA JÚLIA
Em carta aberta que divulgou no início em fevereiro deste ano, o ex-governador Simão Jatene defendeu seu governo das acusações de que deixou os cofres públicos vazios e atacou o que considera “mentiras” e manipulação de informações tendentes a “transferir responsabilidades para esconder fragilidades”.
Desde que a carta foi divulgada até agora, Jatene diz que sua avaliação – negativa – do governo petista que o sucedeu continua inalterada. Mencionou concretamente a questão referente aos hospitais regionais, um dos quais, o de Santarém, até hoje não funciona plenamente e tem dado motivo inclusive a ações judiciais, como uma de improbidade administrativa e outra ação penal, ambas envolvendo o ex-secretário de Saúde Halmélio Sobral.
Lembrou ter dito pessoalmente à então governadora eleita Ana Júlia, às vésperas de assumir o governo, que ela não conseguiria implantar um modelo de gestão dos hospitais regionais se não fosse por meio de organizações sociais.
O ex-governador também mencionou especificamente a área da segurança pública, na qual se registra o aumento assustador da violência. “Eu sempre costumo dizer que a violência é o último reduto da ignorância”, disse o ex-governador.

AS NOVAS MÍDIAS E A RELAÇÃO COM A IMPRENSA
Jatene considera “fantásticas” as opções que a internet – e sobretudo ela – tem oferecido como forma de interação ente a população e diversos canais e segmentos representativos da sociedade.
Ele se disse particularmente muito bem impressionado com as possibilidades que os próprios blogs permitem, inclusive para o exercício do jornalismo. Para o ex-governador, é preciso que todos os partidos estejam atentos às amplas possibilidades de comunicação oferecidas pelos blogs.
Jatene notou, no entanto, que os blogs ainda veiculam muita “fofoca e mexerico”, mas considera que isso, em boa parte, decorre da sensação de liberdade que as pessoas têm de expressar suas opiniões para que outros leiam.
O ex-governador disse que pessoalmente prefere muito mais transmitir informações em que é plenamente identificado. “Esse negócio de raposa felpuda não é comigo”, disse Jatene, referindo-se a termo comumente utilizado por muitos jornalistas quando noticiam em off, ou seja, sem nominar a fonte.
Mas Jatene concordou que, muitas vezes, a disseminação de informações distorcidas e sem qualquer fundamento sobre qualquer pessoa ou autoridade decorre em boa parte da deliberada recusa dos envolvidos em se manifestarem abertamente à Imprensa para esclarecer fatos e posicionamentos sobre qualquer assunto.

ÚLTIMAS LEITURAS
Como chegou a revelar o Quinta Emenda, Jatene confirmou que uma de suas últimas leituras foi mesmo o livro A Assustadora História da Maldade, de Oliver Thomson. O livro mostra como a ética muda de acordo com o período histórico, com o contexto socioeconômico e com o povo. Traz fatos e histórias sobre muitos crimes foram cometidos em nome da virtude.
Nos últimos dias, o ex-governador avança na leitura de “Escute, Zé-Ninguém”, do psiquiatra e psicanalista Wilhelm Reich. O autor, segundo sinopse disponível, “mostra o que o homem comum faz a si mesmo; como sofre, como se revolta, como homenageia seus inimigos e mata seus amigos, como sempre que conquista o poder em ''nome do povo'' ele o utiliza mal e transforma em algo mais cruel do que a tirania à qual estava subjugado anteriormente, nas mãos da elite.”

4 comentários:

Anônimo disse...

Lendo a entrevista do ex governador, agora sim, dá pra ver que a chapa Democratas/PSDB tem tudo pra vencer essas eleições em Belém.
Com essa chapa, então, nem se fala.
Valéria, com esse seu jeito de conquistar todo mundo, chega fácil no coração das pessoas, e mais, já mostrou que é competente no que faz. E Paulo, com suas maravilhosas obras em Belém, vai fazer o eleitor lembrar de que tudo que se construi nesses últimos anos foi obra do PSDB, nos governos Almir Gabriel e Simão Jatene.

Anônimo disse...

Por essas e por outras é que o nosso ex-governador Simão Jatene faz falta. A sua forma de dizer as coisas, o conhecimento sobre o Pará e a Amazônia dão a exata dimensão da sua capacidade. É isso mesmo, dê um tempo ao tempo e vamos aguardar 2010. Quem sabe o senhor não terá a oportunidade de compleatr os seus oito anos de governo do Pará. Pode contar com o meu apoio.

Sandra Vasconcelos

Anônimo disse...

Essa entrevista postada pelo bloguer é o mais puro reflexo da verdade. Definitivamente esse é o Governador Simão Jatene, o retrato da transparência, uma pessoa que tem o mais absoluto compromisso com a verdade, com o respeito e com a ética, mas sobretudo uma pessoa que do alto de seu conhecimento sobre o Pará e a Amazônia [como disse aí em cima a Sandra Vasconcelos] e sua reconhecida capacidade, não despreza a humildade e se despe com tranquilidade da vaidade.
Aguardo com ansiedade por 2010 e tenho grande esperança de vê-lo novamente governador. O povo e o Pará merecem mais essa oportunidade de ver o estado retomar o crescimento e o pleno desenvolvimento outra vez.
EM 2010, COM CERTEZA JATENE!

Anônimo disse...

O anônimo das 00:21 é realmente um humorista! A apologia ao Simão me fez rir de perder o folêgo!!!