sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ladrões educados, mas sempre ladrões


Leiam essa carta publicada na edição de hoje, de O LIBERAL (cliquem aí em cima para ver uma parte dela em imagem ampliada).
É assinada pelo jornalista Mauro Neto.
Leiam e confiram a que ponto chegou a educação de nossos ladrões.
Eles são educados, mas nem por isso deixam de ser ladrões.
São iguais aos ladrões engravatados. Usam terno e gravata, mas nem por isso deixam de ser ladrões.
Nossos ladrões são uns lordes, convenhamos.
Leiam.

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Ladrões "educados", vítimas assustadas

Das duas uma: os ladrões de Belém estão se reciclando e tendo aulas de bons modos ou estamos fadados a aceitar que a bandidagem e seus roubos e furtos façam parte do nosso dia-a-dia. Ser roubado - agora de forma educada, pasmem! - parece tão comum quanto dar um “bom dia” para seu pai ou sua mãe depois de acordar.
A afirmativa acima pode até parecer estapafúrdia, mas dois casos acontecidos recentemente provam o quanto estamos à deriva e que, se não tomarmos os devidos cuidados, vamos naufragar neste mar de violência.
Vamos aos fatos.
A conhecida fotógrafa Paula Sampaio, do alto de seus 1,78m, viu um jovenzinho, de pouco mais 1,50m, encostar-lhe uma faca na barriga em pleno Ver-o-Peso, à noite. Com calma, ele se dirigiu a Paula Sampaio e disse: "Senhora, isso é um assalto. Não se preocupe, só quero o dinheiro e o celular". Com seus peculiares olhos, Paula não acreditou quando o ladrão disse que era para ela se manter calma. Depois de surrupiar, gentilmente o ladrão fechou a bolsinha florida da fotógrafa para que - segundo o próprio ladrão - ela não perdesse mais tarde os seus documentos. O ladrão foi tão educado que, no final da ação, ganhou até boa noite da assaltada. Só quando chegou em sua casa é que Paula Sampaio, como boa fotógrafa e jornalista que é, lembrou-se do brilho - e do tamanho - do facão ameaçado.
Quem passou por situação tragicômica parecida foi a estagiária de Comunicação Caroline Nunes. Ela - moradora da sempre conturbada Terra Firme - foi visitar um afilhado no Jurunas. Lá, foi abordada por dois jovens, bem vestidos numa bicicleta. Depois de lhe darem o cordial "boa tarde" e lhe mostrarem os trezoitões que escondiam sob as blusas, perguntaram com voz de anjo: "Senhorita, este seu celular bate foto?". Ela respondeu que sim. Foi quando, mais educado ainda, um dos menores aprendizes do crime "solicitou" a Caroline: "Por gentileza, a senhorita se importaria de me entregar o seu celular?"
Os dois se despediram e disseram apenas para que ela não gritasse, porque "não adiantaria nada e que tudo era muito normal".
Está tudo normal uma pinóia. Só se for normal para bandidagem ou para Polícia, que nunca está onde deveria.

Mauro Neto
Jornalista
Belém

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