segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sabem a Yoani? Tenhamos dó da Yoani...

Sabem a Yoani?
A Yoani Sánchez...
Ela mesma, a moça do blog.
A cubana que há dois anos escreve em seu no blog Generación Y sobre as dificuldades de viver na ilha.
Yoani Sánchez, aquela que enfrenta a ditadura cubana com um blog.
Yoani Sánchez, que despertou debates candentes neste blog (aqui, aqui e aqui).
Pois é.
Ela mesma.
Caíram de pau na Yoani.
Não é força de expressão, não.
Espancaram a moça do blog, no dia 6 passado.
Três brutamontes.
Brutamontes da polícia política de Fidel.
Bateram tanto nela que a deixaram de muletas.
Veja a foto acima, que está na edição de Veja desta semana.
Mas olhem, quem sabe Yoani não caiu?
Quem sabe ela própria não se autoflagelou?
Quem sabe ela própria não “armou” para deixar mal o regime cubano perante o mundo?
Quem sabe se não contratou os brutamontes para fazerem isso com ela?
Quem sabe se não foram agentes infiltrados da CIA – hehehe – que fizeram isso?
Pensem o que quiserem.
Pensem, inclusive, na eterna desculpa: a ditadura cubana tem razão de fazer isso porque “está em guerra” (putz!).
Tenhamos dó de Yoani.
E leiam o depoimento que ela mandou à Veja por e-mail.

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"Não era uma sexta-feira qualquer. As comemorações do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim se aproximavam e um grupo de jovens artistas cubanos planejava uma passeata contra a violência naquele dia. A tarde era cinza em uma cidade onde quase sempre brilha um sol inclemente, que nos faz caminhar colados às paredes para nos beneficiarmos da sombra. Estavam comigo Claudia Cadelo e Orlando Luís Pardo, dois autores de blogs que recebem milhares de visitas a cada semana. Enquanto andávamos, contei a eles sobre uma desconhecida que, dias antes, havia se aproximado e me perguntado: "Você não tem medo?", em referência, claro, ao fato de que digo livremente minhas opiniões em um país onde o governo detém o monopólio da verdade. Meus amigos sorriram quando narrei a eles a resposta que dei à transeunte angustiada: "Meu maior temor é ter de viver com medo". Não imaginava que em poucos minutos eu viveria o terror de um sequestro e enxergaria o rosto da impunidade policial em sua forma mais dura.
Eu caminhava pela Avenida dos Presidentes, em Havana, com a intenção de participar da demonstração pacifista convocada pelos jovens. À altura da Rua 29, a uns 300 metros de onde estavam os manifestantes, um carro da marca Geely, de fabricação chinesa, cor preta e placa amarela, de uso privado, parou diante de nós. Três homens em trajes civis nos mandaram entrar no automóvel. Não se identificaram nem mostraram um mandado de prisão. Eu me recusei a obedecer. Disse que, como não tinham ordem judicial, seria um sequestro. Depois de uma breve discussão, um deles chamou alguém pelo celular, pedindo orientações. Imediatamente, os três começaram a nos tratar com violência para que entrássemos no carro. Enquanto nos empurravam, os homens do automóvel negro usaram o celular outra vez e uma viatura da polícia se aproximou. Pensei que os policiais nos salvariam. Pedi ajuda a eles, explicando que estávamos sendo atacados por supostos sequestradores. Os homens que estavam à paisana então deram ordens aos policiais para levar Claudia Cadelo e outra amiga que estava conosco. Eles obedeceram e ignoraram o pedido de ajuda que eu e Orlando fazíamos. As pessoas que observavam a cena foram impedidas de prestar ajuda, com uma frase que resumia todo o pano de fundo ideológico da cena: "Não se metam. Eles são contrarrevolucionários". Fazendo uso de toda a força física e de um evidente conhecimento de artes marciais para nos dominar, obrigaram-nos a entrar no carro. Comigo empregaram especial violência, enfiando-me de cabeça para baixo e me mantendo imobilizada com um joelho sobre o peito.
Dentro do veículo e durante cerca vinte minutos, os sequestradores nos espancararam sem parar. Frases de mau presságio saíam da boca daqueles três profissionais da intimidação: "Yoani, isso é o seu fim", "Você não vai mais fazer palhaçadas", ou "Acabou a brincadeira". Achei que não sairia viva. Tentei escapar pela porta, mas não havia maçaneta para acionar. A certa altura, o carro parou. Eu já tinha perdido a noção do tempo. Do lado de fora, caía a noite. Finalmente, ambos fomos jogados em plena via pública, longe do lugar onde se realizava a passeata contra a violência.
Por causa dos golpes desferidos por esses profissionais da repressão, estou com a face esquerda inflamada. Tenho contusões na cabeça, nas pernas, nos glúteos e nos braços, além de uma forte dor na coluna, que me obriga a caminhar com muletas. Na noite de 7 de novembro, um sábado, fiz uma consulta médica, mas não quiseram redigir um exame de corpo de delito sobre os maus-tratos físicos. A médica teve de me atender na presença de um funcionário que estava ali apenas para me vigiar. Uma radiografia mostrou que não havia traumas internos, apesar dos sinais exteriores das pancadas. Recebi apenas algumas recomendações para minha recuperação.
Eu já me sinto fisicamente melhor e desde sexta-feira tenho uma ideia constante. As autoridades cubanas acabam de compreender que, para silenciar uma blogueira, não podem usar os mesmos métodos com os quais conseguiram calar tantos jornalistas. Ninguém pode despedir os impertinentes da web nem lhes prometer umas semanas na Praia de Varadero ou presenteá-los com um Lada. Muito menos podem ser cooptados com uma viagem para o Leste Europeu. Para calar um blogueiro, é preciso eliminá-lo ou intimidá-lo. Essa equação já começou a ser entendida pelo estado, pelo partido e pelo general."

13 comentários:

Anônimo disse...

No próximo dia 10 de dezembro comemoraremos mais uma vez o Dia Internacional da Declaração Universal dos Direitos Humanos.Mas pelo visto Cuba, sua cúpula, não acordou para o futuro...

Anônimo disse...

E ainda tem muita múmia stalinista achando que Cuba é um paraíso...

Anônimo disse...

Os admiridadores do Fidel e de seu regime devem concordar com isso. Eles que, também, são contra prender quem depreda e saqueia no Brasil, vêem isso como um bom sinal. Cuba está vencendo os defensores do império, da burguesia e todos aqueles que "não comprendem" como é bom aquele regime. Acho que eles devem pensar que em uma remota possibilidade de o Brasil ser dominado por esses pensamentos, vão ficar todos são e salvos do lado da "outra classe dominante" que para eles é muito melhor que a atual. Ainda bem que o mundinho desse pensamento cada vez mais diminui... e vai se acabar por fome ou por melhor refletir seu "pesadelo".

Anônimo disse...

Solidariedade a ela Bemerguy!
Os blogs realmente são a nova arma da humanidade contra o atraso e o que é contra as mairias.
Lá contra a ditadura dos Castros, stalinistas.
Aqui contra a tucanalhada, do livre cambismo, desemprego, aumento da violência, sucateamento dos serviços públicos e privataria.
Aqui e em toda a américa latina contra os "ridículos tiranos" que cantava Caetano: neoliberais e stalinistas.
Viva o PT e o presidente Lula!
Abaixo os grileiros, o latifúndio e as baionetas!

Anônimo disse...

Caro poster, não será de espantar se aparecer uma versão "romântico-rançosa" de que a blogueira tem tendências suicidas.
Ou que foi auto-flagelação-burguesa.
Ou, quem sabe, tudo encenação caprichada por maquiagem e efeitos especiais feitos por agentes imperialista preparados por Hollywood e infiltrados, visando desestabilizar um regime de total liberdade e bonança para o povo.
Não nos espantemos.
E tem esquerda-romântica-camiseta-do-Che que acreditará.
Ora se tem.

Anônimo disse...

O Anônimo das 12:02 parece que vestiu a microssaia e calçou o salto alto da Geisy e se desequilibrou todo. O que corresponde aqui à camarilha cubana não é a tucanalhada, mas a petralhada síndico-estudantil comprada pelo governo do Lula Chavez, que ameaça seriamente, com seu sub-peronismo, a democracia a duras penas reconquistada em 1885. Os cretinos que agrediram a frágil blogueira são os mesmos que já começam a desancar a frágil Marina, só porque ela não reza mais pela cartilha do Luiz Ignoratio da Silva. São os mesmos que depredam fazendas e os vidros do palácio do Congresso e fica por isso mesmo.

Anônimo disse...

PB,

Yoani desmascarou, quase sozinha, o regime dos irmãos Castro.
Viva Cuba livre!!!

Logo, chegará a hora em que a ilha ficará livre do regime que leva ao próprio povo opressão e miséria, assim como o povo brasileiro se livrará de um governo que vive de propaganda - alguém viu o PAC? - e de autoelogios, ou melhor, de autoenganos.

Parabéns, PB, por dar cobertura à luta de Yoani Sanchéz, que é, na verdade, a luta de todo o sofrido povo cubano em busca da tão esperada liberdade política combinada com prosperidade econômico-social!!!

Blog do Eddy Vianna disse...

Stalin ensinou bacana junto com Hitler aos Facistas como deve-se tratar os seus mais brilhantes opositores, a ferro e fogo.Fogo dos fuzis,das pistolas,das metralhadoras.
Queria lembrar ao anonimo das 17:16 que a America Latina prosperou bastante com o advento da "Democracia" tão propalada pelos Tucanos,Pe,tistas,Demos,Trabalhista,Liberais e até Cristãos. Uma democracia de fachada que privilegia uma meia duzia de Exploradores da massa trabalhadora desse pais. Nosso pais nunca foi e nunca será,pelo menos até que a maioria assuma o poder. Democratico no sentido real da palavra democracia.
Viva Tchê. Ao inferno com os Stalinistas.

Anônimo disse...

Sr. Amplitude Socialista,

Che Guevara (não "Tche", como está escrito), quando triunfou a Revolução Cubana, recebeu, dentre outras incumbências, a missão de dirigir a prisão de La Cabanã, em La Habana. Como diretor do estabelecimento prisional, Che não hesitou em comandar pessoalmente alguns fuzilamentos de adversários políticos.
Se tu gostas de cinema (quem não gosta?), assista ao filme "A Cidade Perdida" (The lost city), feito pelo cubano-americano Andy Garcia; no filme, aparece teu "humanitário" Che (sem "t") dirigindo a prisão de La Cabaña e mostrando como é que eram tratados os adversários do regime revolucionário.
Tu podes, é claro, dizer que o filme é propaganda anti-cubana, capitalista, sei lá, qualquer elocubração tão típica de certa esquerda latino-americana. Não me espantaria se respondesses assim -estarias, tão-somente, seguindo o manual básico dos aficcionados da falida Revolução Cubana.
Mas o que não podes negar são as imagens - disponíveis no youtube - do Che(sem "t") discursando na tribuna da Assembléia Geral da ONU. Em seu discurso, Che (sem "t") disse, claramente, que a Revolução matou e que seguiria matando seus opositores. Então, se os irmãos Castro são criminosos, Che (sem "t"), não o era menos do que a dupla de gerontocratas e homicidas comunistas.
50 depois, a Revolução Cubana continua recorrendo à violência contra seus dissidentes, como se viu nesse lamentável episódio da agressão à blogueira Yoani Sánchez.
A violência é a própria negação da democracia - qualquer tipo de democracia. Na Grécia antiga, na Grécia de Péricles, da famosa ágora, berço da democracia no Ocidente, o recurso utilizado era a fala, o convencimento, nunca a violência. Esta, os atenienses reservavam aos demais povos que ignoravam o que fosse um debate público com o consequente confronto de idéias, com as tentativas de convencer, por meio de argumentos racionais, os que participavam das assembléias. Os persas - que foram derrotados pelos gregos nas batalhas de Salamina e Maratona - não conseguiam entender como um povo podia governar-se a si próprio sem ter um rei que lhes dissesse o que fazer ou como pensar. Para os gregos, bárbaros eram os que não sabiam fazer uso da palavra, do convencimento em praça pública e a ágora era o espaço institucional em que as decisões eram tomadas. Sem o uso da violência, é claro.
Se, porventura, Péricles pudesse reviver e, assim, pudesse tomar conhecimento do que fizeram e fazem os dirigentes cubanos, inclusive o teu Che (sem "t"), ficaria espantado com o fato de que, mais de 25 séculos depois da experiência ateniense, não foram suficientes para que a liberdade fosse identificada com a realização da política. E, sobretudo, Péricles se espantaria com argumentos que enaltecem líderes que recorrem à violência dita revolucionária para justificar o que, para os atenienses, era, na verdade, a negação da política.
Portanto, Sr. Amplitude Socialista, mire-se no exemplo daqueles homens de Atenas e mude de pensamento político, afinal, já estamos no século XXI.

Anônimo disse...

VIVA O BATISTI!
VIVA FIDEL!
VIVA O MST!
VIVA O CHE!
VIVA O PT!
VIVA O PMDB!

Blog do Eddy Vianna disse...

Pois é Gaúcho das 00:13 profundo conhecedor da Hístoria antiga,sinto muito ter trocado as bolas e digitado um T e levado vc a tamanha revolta apesar do T ficar bem longe do C.
Chê em seu discurso na assembleia geral da ONU explicitou uma situação que naquele momento era real. O embate com os regimes opressores na América Latina e que extendia-se pelo "Mundo" afora.Os facistas nunca foram bonzinhos,fuzilavam sem dó nem piedade e isso vc não cita no seu comentário.
A violência do estado stalinista continua latente no mundo,isso eu concordo. Não defendo a barbárie. Acho engraçado vc um profundo conhecedor da hístoria citar Pericles e esquecer que os bastidores da dita democracia ateniense era morbido e nefasto (cicuta era comum naquela época).
Quando falo em morte,anônimo...falo em fim do regime.

Anônimo disse...

Comunismo, leninismo, fascismo, nazismo, socialismo... Tudo isso já morreu com a queda do Muro de Berlim. A única coisa que ainda sobrevive é o que o mundo vai por si mesmo. O resto é potoca.

Anônimo disse...

Sr. Amplitude Socialista,

Che não leva acento circunflexo na vogal.

É só para registrar.