sexta-feira, 25 de junho de 2010

O PPS será o PCdoB do PSDB?

ISMAEL MORAES

Caso o PPS não efetive a postura anunciada por seu presidente, o deputado estadual Arnaldo Jordy, de que lhe cabe a indicação de vice-governador ou uma vaga de senador na composição com o PSDB, esse partido entrará no processo metamórfico que constitui a indagação que intitula este.
O PCdoB é emblemático pelo fisiologismo nas suas relações no espectro político considerado de esquerda, sempre comensal de pequenas sobras de cargos do PT, e nunca titular de posição determinante.
O PPS tornou-se depositário da confiança de grande parte do eleitorado esclarecido dos centros urbanos, após o PT mostrar a verdadeira cara e avançar sofregamente nas práticas de corrupção, deixando para trás todo o ideário que pregara no país nos últimos 30 anos.
Quem está inteirado dos bastidores da política paraense sabe que Jatene está controlando as pretensões do PPS de lançar candidato ao Senado de acordo com a receita que Jader lhe determina, ameaçado de não receber o apoio do cacique do PMDB num eventual 2º turno.
Ao aceitar essa posição de dominação, o PPS desce àquela captis diminutio conhecida a que foi reduzido o PCdoB, há muito tempo. E assim, corre o risco de perder o patrimônio eleitoral que angariou junto à parcela esclarecida, hoje seu grande cabedal político. Porque os mais esclarecidos saberão que além de ser mero acessório do PSDB, será mais uma ramificação das extensões tentaculares de Jader Barbalho.
Assim, o PPS fica numa encruzilhada que talvez decidirá para sempre seu futuro como partido: ou será reduzido a uma inane agremiação providencial às voluntariedades de uma sigla matriz ou de um cacique tradicional, ou poderá marcar posição como entidade política autêntica e referencial a uma parcela da sociedade carente de representação.
Esperar pra ver.

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ISMAEL MORAES é advogado

3 comentários:

Bia disse...

Bom dia, caro Paulo:

as afinadas fontes do Dr. Ismael ou sua bola de cristal, eu não as conheço. Mas, conheço há 30 anos Simão Jatene e Arnaldo Jordy.

A decisão da candidatura a Deputado Federal, que vem sendo discutida e construída pelo Deputado Arnaldo Jordy, além de uma orientação do PPS nacional de engrossar sua bancada no Congresso, é um anseio dos apoiadores do deputado. A decisão compete a ele e ao PPS. Inclusive, neste domingo, durante a convenção do Partido, poderá ser tomada outra decisão,se assim o PPS decidir e se isto for o melhor para o povo do Pará.

Assim, não sei de onde procedem as "dominações" nem as fantásticas "extensões tentaculares".

Lembro que em situação bastante confortável na Prefeitura de Belém, na administração Edmilson Rodrigues, o PPS entregou cargos e independeu-se do governo por dele discordar. Não morreu, não aparvalhou-se. Cresceu tanto que o desempenho do deputado Jordy na eleição municipal de 2008 surpreendeu muitos.

Talvez o Dr. Ismael esteja estranhando, ao usar o exemplo do PC do B, hoje apegado aos cargos de síndico da sala de iluminação do Palácio, apesar da sua honrosa história, que o PPS não faz esse jogo. E estrebuche, à sua maneira. O que é seu direito. Mas fazer elocubrações arrogando-se um atilado expoente das tratativas - toma-te, Paulo - políticas e, com isto, empobrecer a postura do PPS, é demais.

O PPS, ao longo da sua história, não tem disputado cargos ou pedaços de poder, embora estes sejam honrados e necessários, quando a serviço do exercício da política com dignidade e dos compromissos sempre declarados e cumpridos.

Abração, Paulo.

Anônimo disse...

O articulista foi injusto com o PPS e com o seu líder Arnaldo Jordy, pois o partido não vive atrelado ao PSDB, como afirma. Prova-o que, na última eleição para a Prefeitura de Belém, o PPS apoiou Priante no segundo turno, candidato do PMDB.
Assim, não me parece que a trajetória do PPS deva ser comparada à do PC do B, cujo modelo político que defendia - a necrosada Albânia comunista - ruiu junto com a credibilidade daquela minúscula agremiação partidária.

Ismael Moraes disse...

Senhores,
minha intenção é fazer uma crítica construtiva, pois, como eleitor do PPS que ainda sou, me incluo nessa parcela da sociedade que quer prosseguir representada por ele.
Uma das coisas que os membros do Partido devem evitar é, justamente, personalizá-lo (o Partido) em uma pessoa, como parece que a Sra. Bia faz na figura do deputado Arnaldo Jordy, afinal, dessa agremiação fazem parte muitos cidadãos de valor.
Outrossim, fico feliz em saber da Convenção que se realizará, ocasião em que devem ser concretizada a posição firmada pelo Presidente do PPS: exigir cargo majoritário na composição com o PSDB, e mostrar que não é e nem tem tendência a ser o nanico em que se transformou o PC do B.
Sds