sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Twitter, uma areia movediça. De dimensões tuísticas.


Olhem só.
O Twitter é ótimo.
É uma excelente ferramenta, inclusive institucional.
Bem usado, revela-se uma ótima mídia.
Mas tem um detalhe.
Um detalhe tuisticamente dos mais revelantes.
O Twitter virou uma grande – em escala mundial, seja bem dito – sala de conversa entre amigos, entre tribos ou seja lá como for que vocês quiserem classificar esses zilhões de pessoas que a frequentam.
Nesta grande sala de conversa em que o Twitter se transformou, 95% do que se conversa por lá é do interesse apenas e tão somente dos circunstantes.
E tanto é que o Twitter virou um ponto de encontro para o cara dizer, por exemplo, que hoje está com piriri.
Ou que está com pirrique, se é que vocês entendem melhor.
O Twitter também serve para que o tuiteiro, ao acordar, informe a todo o planeta que deu uma topada, bateu o mindinho e desfiou todos os palavrões do mundo – de A até Z.
Também serve como o meio ideal para dizer à patota que já pode se dirigir ao próximo boteco.
Ou para o próximo futebol.
Serve ainda para se discutir ardentemente, apaixonadamente, freneticamente, excitadamente sobre a franja – a franjinha, vejam bem – da apresentadora de um dos telejornais da Globo.
Esse discussão foi até, olhem só, para o trending topics do Twitter.
Céus!
Que coisa fantástica: uma discussão sobre a franja de uma jornalista é o tema da hora do Twitter! Como também é fantástico que um piriri pode vir a ser um tema da hora, dependendo, é claro, do grau de celebridade do cara que estiver se esvaindo em piriri.
Se for um jogador do Íbis, o pior time do mundo, ele que vá cantar seu piriri em outras Twitters.
Já se for o Messi, por exemplo, vai para o trending topics com certeza.
O Twitter, portanto, ainda reserva apenas e tão somente uns 5% - se muito - para abrigar e difundir certas informações e discussões que realmente têm relevância.
E tem mais: o Twitter faz com que todo mundo – com as exceções - solte a língua.
Faz com que todo mundo – com as exceções – ponha a língua na ponta dos dedos para cuspir 140 caracteres.
E olhem só: em 140 caracteres, é possível construir um mundo. Ou destruí-lo.
Tudo dependerá de quem cuspiu no Twitter os 140 caracteres.
Conviria sempre que, na comunicação institucional, fosse observada uma enorme cautela.
A cautela a ser observada no Twitter por quem tem a incumbência de transmitir informações institucionais deve ser de dimensões, fora de toda brincadeira, tuísticas.
O cara – ou a cara – com atribuições institucionais precisa ter a consciência de que, no Twitter, está se comunicando com o mundo, ainda que o seu mundo se resuma àqueles quatro, 100, 200, 2 mil ou 2 milhões de seguidores.
Se um cara – ou uma cara – der uma tuitada de mau jeito, não adianta ele vir depois para justificar que fez aquilo na condição, digamos, de torcedor do Íbis, ainda que o mesmo torcedor do Íbis seja também secretário, governador, prefeito ou presidente da República.
Não existe isso!
Presidente da República é presidente da República numa extensão que vai do seu gabinete até o banheiro, passando, é claro, pelas ruas e pelo Twitter.
Governador, idem.
Prefeito, idem idem.
Secretário, idem idem.
O assessor do assessor, idem idem idem.
Presidente, governador, secretário, prefeito, enfim, toda e qualquer autoridade - ainda que não goste de ser tratada como tal -, ostenta e conserva essa condição em qualquer circunstância.
Ou vocês acham que o presidente, o governador, o secretário podem ir para o Twitter, expor uma certa opinião, fazer uma certa gracinha, dizer uma certa boutade e depois, se a reação for negativa, vocês acham que eles podem dizer que não fizeram aquilo como presidente, governador ou secretário, mas como simples tuiteiros, ou como os tais “cidadãos comuns” que também são?
Vocês acham que isso possível?
Sinceramente, vocês acham que é?
Contem outra!
Contem outra urgentemente, porque é certo que o Twitter, se bem usado institucionalmente, é um mundo que descortina bons horizontes.
Do contrário, o Twitter é uma areia movediça.
De dimensões, saibam, tuísticas.
Podem apostar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem foi que se queimou usando o twitter?

Anônimo disse...

Das 19h35, muita gente anda se queimando com esses torpedos tuísticos. Está claríssimo essa observação do blogueiro. Mesmo porquê, o rito do cargo público não se desvincula ao se rebater ou adotar uma postura via net. É complexo. Uma coisa é vc se manifestar pessoalmente, mas ao fazê-lo de maneira tuística vc está perpassando um ato ridículo. Caro blogueiro, a aldeia do twitter aí pelas banda da amazônia é um traço no ibope. O que acontece para a Opinião Pública no pulmão do mundo, principalmente para quem quer fazer comunicação institucional é: RÁDIO. RÁDIO E RÁDIO, além da RÁDIO-CIPÓ. O resto é o resto não é mesmo povo marajoara e tapajõnico ????
Ihh!! eles não têm como responder. A net neste país ainda é muita cara.

AS FALAS DA PÓLIS disse...

Clipping, anúncio em programa de Tv, Revistas...enfim tudo muito caro né bacanas?

Lembram do niver da gova?

Aquela altura, beijinho-beijinho, agora pau-pau.