quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A “Heleno Fragoso” deve ou não merecer prioridade?

Fora de brincadeira – e com o perdão da palavra -, mas é uma zorra, uma zorra total, essa colônia agrícola Heleno Fragoso, onde uma menor de 14 anos foi barbarizada sexualmente durante quatro dias, na semana passada.
O governador Simão Jatene, quando assumiu em janeiro passado, elegeu a saúde como a grande prioridade de seu governo.
E tanto é assim que, nas primeiras semanas, deu pessoalmente várias incertas em unidades de saúde, para ver com seus próprios olhos a situação em que se encontravam.
Nada mal que Sua Excelência tenha definido essa prioridade.
Mas esse episódio da prisão da garota talvez justifique elevar à categoria de segunda prioridade – depois da saúde, ou no mesmo nível que ela – o reposicionamento da colônia Heleno Fragoso como um estabelecimento público.
Porque aquilo ali é uma terra de ninguém.
Literalmente, é assim.
Os relatos que nos últimos dias têm sido feitos, sobre o bem-bom em que os internos vivem por lá, são verdadeiramente espantosos.
Há informações – até agora não contestadas e, portanto, dignas de crédito – de que os presos, às dezenas, saem de lá quando querem, para fazer o que bem entenderem no entorno da colônia, inclusive manter relações sexuais com menores, com o assentimento delas ou não.
A gravidade dessa situação é de três naturezas:
Primeiro: muitos dos presos que vivem inteiramente livres naquela área se evadem sem encontrar o menor obstáculo, porque os agentes, segundo eles próprios dizem, só possuem um aparelho de rádio e caneta, enquanto os internos dispõem, inclusive, de armas.
Segundo: a população que vive no entorno da colônia está ameaçada por internos que, achando-se livres para perambular por onde bem entendem, sentem-se num ambiente propício para voltar a delinquir.
E terceiro: os agentes que trabalham no local, até prova em contrário, estão completamente desprotegidos. O blog recebeu ontem cópias de laudas e laudas manuscritas. São relatórios feitos pelos agentes, relativos à movimentação dos presos naquela área e à precariedade das instalações.
Nesses relatórios, leem-se coisas assim:

* Comunico que a lâmpada do refeitório dos internos está danificada, prejudicando a iluminação do ambiente e o serviço desta segurança.

* Informamos que durante o expediente Delta I 99 internos saíram desta casa penal e retornaram 122, sendo que os indivíduos que retornaram tinham características femininas (sic).

* Comunico [...] que os internos saem encapuzados, dificultando a identificação, e não retorno foi possível ver a entrada de 03 mulheres.

Tudo isso, repita-se, está documentado.
Consta dos relatos disponíveis no setor de segurança da colônia.
E não acontece de agora.
Acontece há bastante tempo.
A colônia agrícola Heleno Fragoso deve ou não ser tratada como prioridade?

5 comentários:

Anônimo disse...

Quanto é gasto por dia nessa penitenciária? Como está sendo aplicado tais recursos? Exoneração não vai resolver a bagunça administrativa da dita penitenciária? Abrir novo concurso, ainda que necessário, também não vai resolver? É preciso fazer um diagnóstico da situação dessa penitenciária em conjunto com a sociedade civil, pois só gente do governo não é aconselhável nem confiável, pelo menos diante da atual situação notória de bagunça geral nesse sistema. A sociedade tem o direito de saber as causas reais dessa bagunça no sistema penitenciário, pois tem muito dinheiro para ser aplicado de forma séria e transparente, mas pelo que está publicado na mídia não está sendo aplicado de forma proba. A corrupção com os recursos do governo, melhor nosso(da sociedade),pode ser a raiz desses e outros problemas da ineficiência administrativa no sistema penitenciário.Tem muita gente que foi nomeado, sem concurso público,em comissão, que não tem a mínima formação para atuar nesse sistema.Só são nomeados porque são parentes, amigos e aderentes de políticos etc

Anônimo disse...

Sinceramente, com o perdão pela gravidade da situação, mas, "fora de toda bricadeira", como falaram em depoimento aquele espaço estava mais para COLÔNIA DE FÉRIAS, diversão ou melhor drogas, sexo e rock roll. Se o responsável pela colônia sabia do que vinha acontecendo ele deveria comunicar aos seus superiores, mas - IMEDIATAMENTE - requisitar força policial para coibir e enquadrar os patifes (agravado pelo fato de ter patente militar). Escrever um simples ofício foi pouco, muito pouco. Merecia ser exonerado mesmo, pela inércia em intervir IMEDIATAMENTE!

Anônimo disse...

O Estado foi FRAGOROSAMENTE derrotado na Penitenciária Pseudo-Agrícola Heleno Fragoso.
De agrícola alí, rola muita maconha e só.
Faxina geral, urgente e radical.

Anônimo disse...

Rapaz, se você recebeu uma maçaroca de páginas mostrando a situação. Será que o secretário de segurança pública do Pará não sabia dessa situação ??? Se sabia porque não marcou posição imediatamente nos últimos dias. Mas se não sabia, então não deve ocupar esta secretaria. Por muito menos cairia um gestor em um país de primeiro mundo ou no continente oriental.

AS FALAS DA PÓLIS disse...

Olá Paulo,

Como voltastes à posta eu voltei à lê-lo mas mantenho a crítica que seu blog ficou meio sem sal, sabe? Mas o que vim fazer aqui foi dar meu "teco" sobre o que li aqui e soube hoje por pessoas que estiveram no Heleno Fragoso, como tu sabes, jurísta brasileiro, defensor de esquerdista famosos e que sem dúvida está se remoendo no túlmulo onde descançava até sábado passado no Rio de Janeiro.

Eis aqui minha opinião e desde já agradeço pela atenção sempre dispensada do nobre jornalista.

http://diogenesbrandao.blogspot.com/2011/09/quem-pode-responder.html