quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Livro de açaí


Visitando qualquer livraria do Brasil, você sentirá falta de maior presença de escritores nacionais. A nossa literatura ainda é bastante traduzida. E, quanto mais subimos a Nação, menos gente de casa haverá nas estantes. Sem nenhum demérito a autores além-fronteiras, é de doer na alma o silêncio a que somos relegados, sobretudo neste Norte. É por isto que o lançamento de um livro parauara deve ser festejado entre nós. Um livro gestado e nascido na Amazônia traz em si o mistério típico de nossas matas e igarapés. Cheiro de chuva, ervas e cipós. Gosto de frutas. Cores da vida, que nos animam neste éden tropical.
Quando a literatura externa avança, consigo reparte sua própria cultura. Isso é ótimo porque viajamos sem sair de casa. Conhecemos povos de variados costumes. Mas isso também é péssimo quando não podemos igualmente levar o que é nosso. No caso da Amazônia, há riquíssima literatura estrangeira. Contudo, ainda é outro olhar. Olhar de quem esteve aqui e relatou o que viu. Olhar de quem apenas viajou em livros alados. Pesquisadores sem campo. Pode ser um livro sobre o nosso ouro negro, mas nunca um livro de açaí.
Sábado, dia 1º, lançarei uma obra com gosto de Amazônia. Um livro de reflexões para cada dia de 2013. Inspirado sob chuva e calor. Cheiro de bacuri. Cores do tacacá. Cultura local que se casa com a milenar sabedoria das Escrituras. Não tenho como me sentir diferente. Tem algo de misterioso em se escrever nestes torrões. Mistério em teimar nesse mister. Por isso, festejo um livro com a alegria da paternidade. Bravo!
No caso específico de devocionais diários, nosso mercado está saturado de traduções. Sobressai a literatura americana e sua forma típica de narrar histórias e trazer uma aplicação. Lemos sobre golfe, guerra do Vietnã e futebol jogado com as mãos. Às vezes, nem compreendemos direito. Isso não acontece com o livro de um vigiense. Fala do Céu olhando a chuva das três. Ilustra o Salmo 1º com a imagem de nossas matas ciliares e seus caudalosos rios.
A literatura autóctone deve ser apreciada. Mesmo quando não tenho lançamentos, não deixo de escrever sobre a Feira Pan-amazônica, por exemplo. Incentivo quem se arrisca a escrever. É claro que motivações variam. Nem todo que pinta é pintor. Isto vale para as letras. Tem gente que busca ser o que não é, às vezes por porfia e menos por algum talento. Mas se encontro na pessoa a simplicidade do amazônida, sou capaz de passar o dia inteiro conversando. Eu gosto de gente simples. Quanto mais parecido com Jesus, melhor. Se o indivíduo se intitula grande coisa, procuro passar ao largo. Fenece todo interesse.
“Meu dia com Deus” é literatura que vem para somar nossa produção local. Tem a alegria de ser uma das primeiras obras do gênero escrita inteiramente por um nacional. Mesmo nas literaturas traduzidas, o trabalho editorial é múltiplo. Coletânea de autores. Aqui, o “batedor” foi só este caboclo. Açaí para todos os gostos. Pode ser apreciado de manhã, tarde ou noite. Já vem em doses diárias. E cabe repitota. Em um minuto de leitura, e tudo se resolve. Tem uma oração de sobremesa. São 366 mensagens, pois é uma obra permanente, que servirá até na farta safra do ano bissexto.
Se você quer saber onde será o lançamento, nossa bandeira vermelha está fincada na avenida José Malcher, nº 1621, na “vitaminosa” CPAD (assim o amapaense chama as casas de açaí), em frente do Deodoro de Mendonça. Às 10 horas da manhã do próximo sábado, eu gostaria muito de poder encontrá-lo. Não paga nada para entrar. Muito menos para sair. Só pagará quem levar um litro, ou melhor, um livro. Fique à vontade para apreciar a paisagem. Mas se quiser, leve quantos litros quiser. No mês do Natal, um livro de açaí é sempre um bom presente. Tem cor de festa real. Gosto de natureza. Todo mundo vai gostar!
Você, que apreciou o nosso artigo anterior, por favor, não falte. O lançamento vai ser pai d’égua! Não me deixe partir a égua em três pedaços. Lembra? Todos são convidados. Vá. Se é parte dessa história, não perca a hora da batida. Às 10 horas da manhã, a máquina vai ser ligada. Livros de açaí pra todo lado. Se também quiser levar tapioca, isso é com você. Na vitaminosa do Firmino tem de tudo, inclusive estacionamento. Fique frio! Eu estarei lacrando as embalagens com o seu próprio nome. Açaí personalizado na hora. Autógrafo deste articulista. Tinta não vai faltar. O livro é feito de açaí.

--------------------------------------------

RUI RAIOL é escritor
www.ruiraiol.com.br

Nenhum comentário: