terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Auréola de papelão


Não faz muito tempo, logo que chegou ao governo, o Partido dos Trabalhadores, o PT, em alto e bom tom, dizia que tinha estratégia definida, um programa sólido e digno da confiança do povo brasileiro. Como na maioria das democracias o governo de Luis Inácio Lula da Silva foi exaltado por uma maioria considerável de brasileiros, com ênfase às classes C e D e dos milhões de cidadãos que saíram da chamada linha de pobreza.
Aí começaram a aparecer os escândalos e uma parte da mídia que não livrou o governo é chamada de partidária e tendenciosa. Que cruza a linha da parcialidade, como se fora algo que pode ser descrito somente como linchamento ou “caça às bruxas”. Que se trata de uma mídia hegemônica, e que não aceita ser contrariada.
Ademais, diante de tudo que vem acontecendo, com formações de quadrilhas dentro do governo, fica a triste constatação daquilo que o PT foi e é atualmente. Como expressar o sentimento de todos aqueles que depositaram sua plena confiança nos últimos 30 anos: decepção total. Os caminhos da esquerda sempre foram tortuosos e um tanto obscuros, mas no fim dos anos 1970 tínhamos a sensação de que tomaria um rumo de união, após a pseudoanistia da ditadura brasileira.
Ledo engano. Seus ícones não conseguiram aglutinar forças para sobrepor a hegemonia dos interesses capitalistas. Nesse turbilhão nasceu a esperança de muitos brasileiros que sonhavam com uma sociedade mais justa: o PT e o Lula, legítimo representante do trabalho nessa luta inglória contra o capital.
Será que o PT hoje, atende às necessidades e angústias do nosso tempo? O problema é que depois de escândalos após escândalos, corrupção após corrupção, o sentimento de frustração dessa agremiação só aumenta. Os petistas que lutaram honestamente durante toda a vida estão cada vez mais descrentes com os caminhos que o PT escolheu. Isso mostra que os políticos estão descolados da realidade brasileira, e, apesar da inclusão social que o PT proporcionou, ele entrou numa nau sem rumo, que pode naufragar a qualquer momento. Perguntas pertinentes que precisam de urgentes respostas: Como fazer para mudar tudo isso? Como renovar o ideal? Como abandonar a utopia?
É traição em cima de traição. A descoberta de atitudes incorretas por parte de uma assessora importante coloca mais uma vez o governo federal na defensiva. Rosemary Noronha, Rose, foi indiciada pela Polícia Federal por formação de quadrilha e tráfico de influência. A ação da PF mostra uma situação inaceitável, ainda mais em se tratando de pessoa que tem estreitas ligações com o ex-presidente Lula. É preciso provocar na militância séria e comprometida com as lutas por uma sociedade diferente a busca de saídas que acabem de vez com esses comportamentos.
Parece que tem gato na tuba! Em depoimento a Procuradoria-Geral da República, Marcos Valério acusa o PT de pedir pedágio ao Banco do Brasil, e que 2% dos contratos eram para o PT e foram feitos por Henrique Pizzolato. E que o esquema pagou despesas pessoais de Lula. O que se ouve é que tanto Lula quanto o PT negam tudo. Na coluna do Cláudio Humberto, caderno Poder, na sexta-feira, 14, de O Liberal, ele faz a seguinte pergunta: Marcos Valério era qualificado para fazer negócios no governo Lula e agora é desqualificado para denunciar Lula e seu governo? Ah! Se existe a “liberdade de expressão” permito- me a liberdade de criticar suas auréolas de papelão, para o “bem da nação”.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra@gmail.com

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