quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

“Leitores têm dificuldade de interpretação”, diz Dimenstein

A escolha de Juca Ferreira para ser secretário municipal da Cultura de São Paulo causou debate nesta semana e, ao publicar o texto "Haddad precisa importar um baiano?", o jornalista da Folha, Gilberto Dimenstein, recebeu críticas e foi chamado de xenófobo.  

Dimenstein explica que a postura de alguns internautas trata-se de dificuldade de interpretação e, ou, leitura apressada. "As pessoas não leem tudo. Isso já acontece no impresso, imagina no online. Olham apenas o título e leem o que querem, e não o que está escrito". O colunista diz que criticou “o incômodo que brotou em parte do meio cultural paulistano pelo fato de Fernando Haddad convidar alguém de fora". 

O jornalista da Folha argumenta que o texto teve conotação positiva em relação à indicação de Ferreira. "Comentei que ser de fora pode ser até bom para a cidade. E, no caso de Juca, ainda coloquei que, por ser baiano, ele traz uma visão cultural que, talvez, possa ajudar São Paulo. E por vir de outra cidade talvez não fique refém das panelinhas culturais locais".
As críticas à coluna foram impulsionadas, também, por um texto publicado pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Em relação à postura do parlamentar, Dimenstein afirma que "se fosse uma prova de interpretação, certamente o deputado não passaria". "Ele é uma pessoa de com caráter e creio que não fez de má fé. Mas acredito que ele não leu a coluna até o final", diz o colunista.
Em resposta, Wyllys disse que "é uma saída fácil de Dimenstein para não assumir que seu texto contraditório flertava, sim, com o sentimento de xenofobia mal disfarçado". "Ainda que eu e outros tivéssemos lido apenas o título – o que não aconteceu – este, por si, já justificava todos os questionamentos. A palavra “baiano” não foi parar no título por acaso. A língua não é neutra (o jornalismo menos)", explicou.

Dimenstein conta ser importante para os jornalistas saberem lidar com a repercussão negativa de alguma opinião. "É importante que o colunista não tenha medo de críticas e estimule o debate". Além disso, ele afirma ser interessante passar por isso pois quando trata-se de um erro é preciso pedir desculpas, mas quando a situação é o contrário, a conversa cresce no sentido de mostrar qual é a posição do profissional. "Aprofunda o tema e ajuda as pessoas a pensarem de maneiras diferentes", contou. 

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