segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ser ou não ser. O PMDB do Pará, afinal, é?

Olhem só, rapazes - e moças também.
Trair é coçar, como diz aquele filme, é só começar.
Na política, traição é como coceira há trocentos milhões de anos, desde que a política é política.
Mas há traições e traições.
Algumas são banais, não repercutem, são rapidamente esquecidas.
Outras, nem tanto.
Na eleição que confirmou o favoritismo do democrata Márcio Miranda, escolhido presidente da Assembleia Legislativa na última sexta-feira, com os votos de 26 das 41 excelências, houve traição, sim.
E houve traição no duro.
Aliás, houve duas traições, que os políticos, na sua linguagem arcana - quando usá-la lhes é conveniente -, chamam de defecções (uuuhhh!)
As defecções consumadas não foram, digamos assim, defecçõezonas.
Foram defecçõezinhas, eis que não fizeram, nas circunstâncias, muito diferença. Ou melhor, não fizeram diferença alguma.
Por quê? Porque a matemática permite essa conclusão.
Havia 24 apoios declarados nominalmente para Márcio Miranda.
Sobravam 17 votos.
Dos 17 votos, 8 eram do PMDB e oito do PT, integrantes de um bloco que apoiou a candidatura de Martinho Carmona. E mais um voto do deputado Edmilson Rodrigues, do PSOL.
Edmilson, como ele próprio adiantara ao Espaço Aberto, optou por apoiar o bloco PMDB-PT.
O PT, depois da eleição, divulgou até nota oficial dizendo que todos os membros da bancada, sem exceção, votaram em Carmona.
Quem traiu o bloco oposicionista, portanto?
Dois deputados do PMDB.
Até o PMDB sabe disso.
Porque se o Espaço Aberto sabe que parlamentar do PMDB dizia abertamente que "jamais votarei num candidato que não seja o do governador [Simão Jatene]", como não terá sabido o PMDB?
Pois bem.
As duas traições - ou defecções, no idioma político - não fizeram nenhuma diferença, porque, do contrário, Márcio Miranda ainda seria eleito com diferença de três votos (24 a 17).
Mas, politicamente, as duas traições não podem ser desprezadas, não podem o seu significado esvaziado.
Que o diga o novo presidente, Márcio Miranda.
Em entrevista a O LIBERAL de ontem, ele deixou muito claro: o PMDB, que resolveu formar uma candidatura de oposição à da base aliada, mesmo sendo a legenda integrante da bloco governista, precisará se definir, precisará superar aquele dilema hamletiano do ser ou não ser.
O PMDB, como bem sinalizou Miranda, precisará dizer agora, claramente, se é ou não é.
Se é ou não é governista.
E, acreditem, será muito bacana, muito divertido assistir a essa definição no curso deste ano.
Um ano que, vocês sabem, é pré-eleitoral, não é?

2 comentários:

Anônimo disse...

Paulo, o PMDB esta acostumado a trair e não devolver os cargos que tem no Governo. Eles trairam a Ana Julia na maior cara de pau e nunca devolveram as Secretarias, a Cosanpa, o Detran e os milhares de DAS que tinham. A mesma coisa esta acontecendo com o Governo Jatene, traem, votam contra, mas não devolvem Secretarias, Departamentos, Autarquias e os DAS que o pessoal do PMDB ocupa no Governo. O Jatene deveria colocar esta turba de aproveitadores para fora de seu Governo e certamente estaria bem melhor do que estar convivendo com estes traíras comandados pelos Barbalhos e suas barbalhidades.

Anônimo disse...

Certo é ter um Parlamento cordeirinho do Executivo, né? Ousar enfrentar o Governo é traição?
Sobre os cargos, exija do Governador a demissão sumária de todos os indicados do PMDB. Mas capriche nos argumentos. Tenho certa desconfiança que Sua Excelência, o Governador fingirá que não é com ele.