segunda-feira, 4 de março de 2013

Duciomar nos legou uma "Guernica". Ele a fez. Só ele.


Picasso - sim, ele mesmo, o grande Pablo Picasso -, Guernica, Duciomar Costa e o nazismo.
O que eles têm em comum?
Nada.
Mas podem, ou melhor, poderiam ter.
Rola pelaí, há décadas, uma historinha que muitos conhecem e não poucos consideram lenda.
Lenda ou não, vale a pena conferi-la.
Corria o início dos anos 40 - do século passado, of corse.
Paris estava sob ocupação nazista durante a II Grande Guerra.
Pablo Picasso morava por lá.
E já era famoso, por conta de trabalhos como Guernica (na imagem), expressão das atrocidades cometidas pelo franquismo durante a Guerra Civil Espanhola, com a decidida colaboração dos nazistas, que àquele altura mobilizaram sua força aérea para protagonizar o que viria a ser um ensaio para a Segunda Gerra Mundial.
Um dia, batem à porta do estúdio de Picasso.
Eram militares alemães, que foram lá bisbilhotar sobre a vida e o trabalho daquele artista que ousara demonstrar o morticínio perpetrado na cidade basca de Guernica.
À saída, Picasso ofereceu aos visitantes um cartão-posta de Guernica.
Um dos alemães perguntou ao gênio da pintura:
- Você fez isso?
E Picasso:
- Não, você fez.
Que tal essa cena ao tucupi?
Pintores de Belém se esmerariam em retratar o caos em que ficou a cidade, para isso resumindo-a na avenida Almirante Barroso, a passarela do caos legada à cidade por Duciomar Costa, o huno, pior prefeito em 800 anos de história da capital paraense - os 400 que estão por se consumar e os 400 do porvir.
Aí, algum dia, o melhor trabalhor, selecionado após judiciosa e rigorosa avaliação, seria entregue de presente a Duciomar.
Quando recebesse a tela das mãos do pintor e, entre estupefato e horrorizado, perguntasse "você fez isso?", o pintor, o nosso Picasso, responderia na bucha:
- Não, você fez.
A avenida Almirante Barroso, meus caros, é a nossa Guernica.
Felizmente, não houve por lá a mortandade física, horrenda, estupefativa, assustadora como a que teve como palco a Guernica basca, inspiradora de uma das maiores obras da pintura em todos os tempos.
Mas a avenida Almirante Barroso, rasgada por uma obra como o BRT - inconclusiva, desconexa, inadequada, cara, um sorvedouro de dinheiro que foi jogado em boa parte no lixo - pode ser elevada, ou rebaixada, se quiserem, à condição de nossa Guernica.
O BRT de Duciomar, exposto na avenida Almirante Barroso, sintetiza uma horrenda, tenebrosa, nauseante história de desprezo a cautelas e previsões legais que devem, obrigatoriamente, orientar o administrador público em qualquer situação.
Depois da audiência pública em que a prefeitura confirmou que romperá o contrato com a Andrade Gutierrez, autoproclamada credora de mais de R$ 50 milhões do erário municipal, muitos se perguntam se basta isso para tentar, ainda que parcialmente, remediar um quadro de desregramento geral em que se afogou a gestão de Duciomar Costa.
Basta isso?
Duciomar não precisa responder pelo que fez?
Não deve responder pela Guernica que nos legou?
Ele a fez, e não nós.
Por que, se ele a fez, haverá de ficar por aí fazendo de conta que não é com ele?
Como admitir uma coisa dessas?

2 comentários:

Anônimo disse...

Pior é ver a família inteira do governador empregada no Estado, conforme deu ontem na folha.

Francisco Sidou disse...

Caro poster,
Você tem toda a razão em perguntar como é que fica. Aliás, fiz essa pergunta na audiência pública sobre o BRT, no Hangar. Perguntei ao prefeito Zenaldo Coutinho se os resultados desse tenebroso diagnóstico sobre os malfeitos do Dudu não seriam encaminhados "aos costumes" , ou seja Ministério Público e Justiça Federal para os devidos enquadramentos legais. O prefeito disse que essa parte é com a Justiça. Será que o TCM vai aprovar as contas de Duciomar, mesmo com tantos "furos" e desvios? Agora, ele já pode ser citado, pois já possui residência fixa em Miami, em elegante edifício à beira mar. Em sua página no facebook, o jornalista Carlos Mendes publicou a foto do belo Edifício onde mora Dudu, inclusive com o CEP. Informa também que o apartamento mais modesto, ali, custa em torno de U$ 2 milhões...