sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Advogado precisa mentir?

Por Livan Pereira, no Última Instância

Muito se fala da má fama que os advogados possuem, alguns os chamam de inescrupulosos, outros de pilantras, o senso comum diz que os causídicos usam e abusam de todos os artifícios para enganar e assim atingir os seus objetivos.
Contudo, como diz o velho ditado, uma maçã podre pode contaminar todo um cesto, é isso é o que acontece com os advogados, que sofrem por conta de um ou outro que sumiu com o dinheiro do cliente, que pagou uma propina marota aqui e outra acolá pra conseguir informações privilegiadas sobre algo e mentem descaradamente nos tribunais.
Alguns “profissionais” ainda dizem que a mentira está entranhada à profissão, e utilizam-se de falsas alegações para beneficiar seus clientes, usam do argumento de que mentem única e exclusivamente para proteger os interesses do seu patrocinado. Desta forma, posam de bons moços e aos olhos de seus clientes são tidos como heróis.
Porém, todo e qualquer processo existe a parte ativa e a parte passiva, e em todos eles (ou quase todos) existe um vencedor e um vencido, e é notório que nunca, e em hipótese alguma possa existir alguém que fique feliz com uma derrota na esfera judicial, e essa derrota fica mais amarga ainda quando se dá de forma injusta, e convenhamos que no poder judiciário, não deveria, ao menos em tese, existir injustiças.
Assim, cabe a nós, advogados tentar de alguma forma desmistificar esta fama de que todo advogado é mentiroso, pois eles não são. Os advogados tem sim que buscar meios de beneficiar seus clientes, mas de uma forma que seja lícita, e que obedeça e respeite os regramentos impostos na legislação pátria. Se lhe é permitido interpor centenas de recursos para manter o seu cliente em liberdade, ele assim o fará. Não gostou? Bote a culpa em quem fez o Código de Processo Penal e não nos advogados. Se é permitido que uma multinacional fique sem pagar impostos por dois ou três anos seguidos e depois de um tempo incluir todas as suas dívidas em um parcelamento a perder de vista, isso também não é “culpa” do advogado.
Alguns casos são ofertas do governo e outras são as tais “brechas” da lei, e que alguns advogados usam com frequência e em diversos casos, entretanto, aos olhos de alguns que pouco entendem das ciências jurídicas, a utilização de argumentos para se aproveitar das tais brechas na lei são entendidas como malandragem pura e simples, porém, aos olhos daqueles que tem alguma noção do mundo jurídico, a capacidade do advogado livrar os eu cliente de uma punição por conta de lacunas na lei, mas sem proferir uma mentira sequer no decorrer do processo não é malandragem. É brilhantismo!

4 comentários:

Anônimo disse...

A questão é bem simples. Todas as leis tem "brechas" porque todas, sem exceção, são mal elaboradas. E, são mal elaboradas, justamente para empregar os causídicos.
Vamos a um exemplo recente: os embargos infringentes. A lei 8.038/90 que instituiu normas para os processos em tribunais superiores, não mencionou os embargos infringentes. Os ministros que defendem a existência do recurso dizem que, com o silêncio da lei, deve prevalecer o regimento interno do Supremo. Em outras palavras, o "esquecimento" de menção na lei deu emprego para mais um ano, para dezenas de advogados, a custos estratosféricos, que só os mensaleiros tem condições de arcar.

Anônimo disse...

Diga-se mensaleiros de todas as origens e cores, inclusive os tucanos de Minas, onde tudo começou Pai de todos os mensalões.




Anônimo disse...

Pelo menos tudo que os mensaleiros roubaram servirá para pagar bons advogados. Ou será que ainda vai sobrar?

Anônimo disse...

Recuemos mais um pouco no raciocínio da elaboração das leis...
Quem as elabora?
Hum! Os políticos-legisladores.
Esperar que os "nobres" façam alguma lei que venha lhes dar tiro no pé?!!
Marnunca!!!