quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Bafafá em cinema revela falha na segurança de shopping

Leitores do blog - vários - assistiram ao bafafá numa sala de cinema do Shopping Boulevard, no último domingo.
O bafafá estourou quando um professor, por livre e espontânea pressão, foi convidado a retirar-se do recinto porque estava usando ostensivamente um cinto feito de balas, acessório intimidatório a dezenas de pessoas que se encontravam no cinema, daí a segurança ter sido acionada para tomar as, como se diz, devidas providências.
Pois é.
O que assustou os leitores do Espaço Aberto que assistiram ao bafafá não foi nem tanto o fato de o professor entrar na sala de cinema, mas entrar no shopping com um cinto com balas.
Porque é certo que a simples exibição ostensiva de um acessório daquele já seria suficiente, mais do que suficiente, para que o portador fosse parado pelos seguranças do shopping e convidado a se retirar.
O professor está revoltado. Fala até em processar o shopping por danos morais.
Alega que o cinto era de brincadeirinha. Que as balas eram falsas. Que tudo não passava, enfim, de um mero adorno.
Ah, é?
Então, se essa alegação fosse acolhível pelo bom senso, seria admissível que uma pessoa entrasse no mesmo shopping com um cinto daqueles e empunhando uma arma, mas se comprovasse depois que tudo era de brincadeirinha?
O problema é que não estava escrito no cinto do professor: "É só de brincadeirinha". "É só para fazer estilo".
Não estava escrito assim.
Se não estava, era natural que o dito cujo, da forma como estava trajado - exoticamente trajado, vale dizer, sem entrar no mérito do estilo pelo qual ele optou -, fosse impedido até mesmo de entrar no shopping; e se fosse flagrado lá por dentro, nada mais natural que fosse retirado.
Será que um personagem vestido dessa maneira andaria pelas ruas ou entraria num recinto público em qualquer cidade dos Estados Unidos, por exemplo?
Certamente que não.
Ninguém duvida que o professor tenha índole pacífica.
Ninguém descarta que jamais, nunca antes, em tempo algum tenha lhe passado pela cabeça fazer mal a alguém.
Ninguém duvida de que seu intento, ao usar um cinto exótico, poderia ser apenas o de demonstrar sua preferência por um adereço e nada mais.
Mas é induvidoso e inequívoco que há limites para algumas preferências, quando a pessoa tem que dividir o mesmo espaço com muitas outras que não a conhecem.
Esse era o caso.
Se o professor costuma apresentar-se daquele maneira em seu círculo de familiares e amigos, tudo bem. Todos já estão acostumados com ele e ele já está acostumado com todo mundo.
Mas, naquela sala, provavelmente nem um espectador jamais visualizara anteriormente alguém trajado daquela forma, exibindo balas que pareciam ser verdadeiras.
Falhou, sim, a segurança do cinema, por tê-lo deixado entrar na sala com um badulaque intimidatório.
Mas falhou, muitíssimo mais, a segurança do shopping, por não tê-lo barrado à entrada.

2 comentários:

Ismael Moraes disse...

Circunstâncias como essas justificam a legítima defesa putativa, que é quando alguém se supõe prestes a ser agredido e reage e fere ou mata o presumível agressor.
A falta de bom senso da vítima (base da vitimologia do nosso professor Edmundo Oliveira) garante a excludente de crime, que vai além da exculpante ou da impunibilidade. Ou seja, quem se coloca irresponsavelmente deve se preparar para as consequencias.
Mesmo quem tem porte de arma é obrigado por lei a ser discreto e sempre não ostensivo.

Anônimo disse...

Esse professor ainda quer ter razão? Ele deveria dar o bom exemplo e não sair por aí com cinto de bala mesmo sendo de brincadeira por sinal de muito mau gosto. Tem cada um que parece dois ou três....