segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Falta um requisito para vingar o impeachment de Dilma




Lúcido, sereno e fundamentado, para dizer o mínimo, o artigo que o economista Mailson da Nóbrega assina na edição desta semana da revista "Veja".
O título é "Sobre o impeachment".
Mailson menciona estudo de 2006, da lavra de Kathryn Hochstetler, cientista política americana, especialista em movimentos sociais na América Latina.
Ela aponta três fatores que motivaram tentativas de impeachment de presidentes latino-americanos: 1) insatisfação com a política econômica; 2) acusações de corrupção e 3) governo minoritário no Congresso.
Mailson oferece exemplos de que, pelo menos até agora, as formulações de Kathryn Hochstetler estão corretas, para não dizer corretíssimas.
Menciona, inclusive, a mobilização deflagrada pelo PT (vejam, meus caros, como são os tempos, né?) em 1999, para tirar do cargo o então presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, que iniciava o segundo mandato com a popularidade em baixa.
"Os movimentos, porém, não se encorparam. Havia insatisfação com a política econômica, mas inexistiam escândalos. O governo não era minoritário. Não houve processo de impeachment", diz Mailson.
E agora, com Dilma?
A insatisfação com a política econômica é imensa. Há uma escândalo de proporções inéditas sendo revelado a cada dia, o petrolão. Mas o governo Dilma é majoritário no Congresso.
O risco de impeachment, portanto, seria zero, a considerar o modelo, até agora infalível, formulado pela cientista política americana.
Mas anotem aí: o jogo está pesadíssimo.
Confiram esse vídeos que circulam por aí.
Prestem atenção no estilo, na contundência e nos argumentos.
A gente tem a impressão de que, mais do que um impeachment, processo político legítimo, há gente disposta a desfechar um golpe. Sem tirar nem pôr.
Observem a mensagem do vídeo lá do alto, que está sendo distribuído pelo WhatsApp.
Depois, prestem atenção no vídeo acima, que mostra um bate-boca entre o historiador e jornalista Marco Antônio Villa e o publicitário Mauro Motoryn, publicitário.
Vish!

Sobre o assunto, leiam no Espaço Aberto:

Impeachment? Afinal de contas, impeachment por quê?
O governo Dilma em corrosão. Isso é pior do que um impeachment.

3 comentários:

Anônimo disse...

Requisitos práticos, não jurídicos.

Anônimo disse...

Caro seu Espaço, acontece que 49,99% da população já não suporta mais os gobiernos cumpanherus cantando a mesma velha e esfarrapada desculpa:
"...tudo começou no governo FHC!".
E já se vão 12 anos...
Não cola mais, gente.
A insatisfação é imensa.
Nem Bolsa-Tudo segura mais nada.

Anônimo disse...

É impressionante como se força a mão para um "golpe paraguaio" no Brasil. Já tem até receita com três ingredientes. Isso de uma presidente recém eleita pela maioria de alguns milhares de eleitores. A tentação autoritária de uma parte da elite brasileira é reincidente e acaba traindo um motivo oculto : não conseguem viver muito tempo longe do governo - o finado PFL é um exemplo.Daí que se não vai na eleição ( apesar de todo esforço para perder que fez e faz o PT) e os militares ainda estão meio desmoralizados , apela-se ao impeachment paraguaio, que é aquele feito na base de pareceres jurídicos de encomenda, oportunismo parlamentar e passeatas de coxinhas. Se o governo é ruim, se erra, faça-se oposição, critique-se, mas impeachment não é remédio para insatisfação, para discordância. Impeachment é ato excepcional, contra o governante que transgride as leis. Impeachment é medida contra deliquência chapadamente comprovada de um presidente, não contra políticas que se achem erradas de um governo - se não for assim , é golpe.