quinta-feira, 5 de março de 2015

A FPF é um escândalo. É o nosso petrolão.



Espiem só!
Vocês pensam que o Brasil só vive de escândalos como o do petrolão?
Pensam que o Brasil só vive de escândalos como esse do HSBC?
Nós, por cá, também temos os nossos escândalos.
Temos as nossas excrecências.
Espiem só o documento acima.
Foi divulgado, na tarde desta quarta-feira, pelo Portal ORM.
É uma resolução assinada - individualmente, solitariamente, monocraticamente e arbitrariamente - por ninguém menos que o presidente da Federação Paraense de Futebol, o coronel Antônio Carlos Nunes.
Leiam o documento, que tem a data de 27 de fevereiro, portanto de sexta-feira da semana passada.
Prestem atenção no seu teor.
E não tenhamos dúvidas: essa resolução é um escândalo, uma excrescência, um estupor legal, um estupro normativo, um despropósito, um vitupério, um deboche. Se você quiser, acrescente os seus qualificativos e mande para o blog, que os publicará.
Como também essa FPF é tudo isso - e muito mais.
Por que o escândalo, o vitupério, o escândalo, a excrescência, o estupor legal,o estupro normativo, o despropósito, o vitupério e o deboche contidos nessa resolução?
A resposta está em duas declarações que O LIBERAL publica em sua edição de hoje.
A primeira é a do vice-presidente da FPF, Maurício "Bororó" Figueiredo, para quem o adendo ao regulamento do Parazão, contido nessa coisa a que deram o nome de resolução, tem como única finalidade eliminar quaisquer dúvidas sobre a divisão de renda.
A segunda é a de ninguém menos que o assessor jurídico da Federação Paraense de Futebol (FPF), Cristino Mendes: "O  coronel Nunes não está alterando o regulamento da competição em andamento. O que ele fez foi, na qualidade de responsável pela organização do Campeonato Paraense, esclarecer pontos que estavam gerando dúvidas a respeito de um assunto que já havia sido discutido na reunião do Conselho Técnico dos clubes, antes mesmo do início do torneio", afirmou Mendes.
Bororó e Mendes, com todo o respeito, pensam que a gente tem o nariz furado ao contrário. Assim pensando, inauguraram uma espécie de exercício hermenêutico no próprio corpo do regulamento do Parazão, que, a rigor, funciona como se fosse a constituição do Campeonato Paraense.
O coronel Nunes, talvez sob as inspirações aspergidas por Bororó e Mendes, virou uma espécie de hermeneuta dos dispositivos do regulamento, expendendo seus juízos como se fossem terminativos e irrecorríveis. E a isso atribuiu o nome de adendo.
É mais ou menos como se um dispositivo qualquer da Constituição Federal, passível de polêmicas e confusões sobre o alcance de seus significados, amanhecesse qualquer dia desses com um adendo embutido ali, na calada da noite, pela presidente da República, pelo presidente do Supremo ou quaisquer dos presidentes do Senado ou da Câmara. E tal adendo teria força de suplantar outros entendimentos em contrário, aflorados da redação original da própria Constituição.
Hehehe.
Nunes, Bororó e o doutor Cristino Mendes estão de brincadeira - com os clubes, com os torcedores, com qualquer um.
De onde provêm os poderes de que lançou mão o coronel Antônio Carlos Nunes para esclarecer, desanuviar, clarear, ou seja lá o que for, este ou aquele dispositivo do regulamento do Parazão?
Que poderes tem o coronel Nunes para, à revelia e ad referendum do Conselho Técnico dos clubes, lavrar a sua interpretação pessoal sobre dispositivos passíveis de intepretações várias?
Quem é o coronel Nunes para ser o único, insubstituível, incomparável e incontrastável clarividente para esclarecer, terminativamente, os dispositivos do regulamento do Parazão?
Foram os clubes que investiram o presidente da FPF em tais poderes? Se foram eles, pior para os clubes e pior para o futebol paraense.

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