segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Um país em desmanche



Enfim, chegamos neste novo ano. Aqui pra nós, estamos todos cansados, saturados do Brasil Velho que não poupou sua população de que o confronto real de 2015 foi entre uma porção decisiva da sociedade brasileira e o coletivo oligárquico lulista. Estamos fatigados de saber que país é este. País que desde o início do século XIX, está aí para proteger, servir e enriquecer a minoria dos que dão ordem nos governos, os seus amigos e os que pagam - e bem - para estar de bem com os que mandam. É o Brasil da rapinagem e da corrupção desenfreada como método de governo e objetivo da vida pública - um condomínio gerido e dirigido por gangues políticas cujo único propósito é controlar a maquina estatal. É um País que luta com todas suas forças numa guerra permanente com o progresso, a mudança e o bem-estar da maioria.
Ano passado, o Brasil perdeu muito e praticamente nada ganhou. Esses cortes profundos aplicados na epiderme do País sangram abundantemente e não desaparecem de uma hora para outra, é claro, porque nada que resiste há dois séculos desaparece com extrema facilidade. Mas o povo brasileiro pode ter certeza, as coisas não serão mais como têm sido até hoje na vida pública: o futuro do Brasil do passado é finito. Nosso povo tão ordeiro não suporta mais tantos assaltos ao Erário. A situação e todos os intendentes que estão em seu entorno não perceberam a tempestade que vinha se formando havia anos e desabou sobre eles em 2015 - um tsunami de escândalos, fracassos, flagrantes de mentiras, fraudes e incompetência para governar. Naufragaram nossa economia em profundezas abissais. O governo acha que nunca errou e imaginaram-se ameaçados ao proclamar aos quatro ventos que estão na iminência de um "golpe".
Passemos todos e, logo, para o outro lado e deixemos o lado podre que não podia continuar ganhando sempre. As gangues dos corruptos vivem hoje apavorados com a possibilidade real de verem o sol nascer quadrado a bordo de um camburão da Polícia Federal. Há um senador em cana, sem data para sair - ele é simplesmente o líder do governo no Senado. Esse universo de estrelas (vários empreiteiros e banqueiro) que estavam em ascensão irresistível na alta finança brasileira - especialmente aquela que vive em concubinato com o governo. São tantos que é perda de tempo nomeá-los e por aí vamos. Mas ficam deveras apavorados quando se abre a porta do camburão com a presença do agente Newton Ishii, o "japonês bonzinho" da PF que vai recepcioná-los para fazer-lhes a escolta em direção ao xadrez.
Nossas angústias e perplexidades que, infelizmente, aprendemos com pessoas que não gostamos nos têm deixados chocados. E mais, o sempre discreto e comedido ministro do STF Teori Zavascki, relator da Lava Jato na corte, dia desses, desabafou em uma roda de amigos: "O PT e o PMDB vão acabar". A conversa aconteceu em um almoço em Porto Alegre. Ele demonstrava seu espanto com a magnitude, a profundidade e o número de pessoas envolvidas nos casos de corrupção apurados por esta investigação. Diante do que ele já sabe, acha que não sobrará pedra sobre pedra.
Nessa turma toda não existe um único miscigenado - é só elite, e dentro dela há uma alarmante coleção de cidadãos que faz anos convivem em intimidade com o ex-presidente Lula, sua família e sua vizinhança. Só na Operação Lava Jato, a maior ofensiva contra a corrupção jamais feita neste país, mais de 100 suspeitos já foram presos, mais de 30 foram condenados, alguns várias vezes, num total de penas que somam próximo de 700 anos de prisão, e mais de 20 continuam na cadeia. Fora a turma que aguarda sentença e usa tornozeleira eletrônica. Essas polainas da polícia se tornaram equipamento-símbolo nestes dias de desmanche.
O ano de 2014 foi um completo desastre. Tudo piorou. Durante a campanha eleitoral, para conservar-se no poder, a presidente produziu uma deterioração fiscal jamais vista. A abertura do processo de afastamento da presidente deve tirar o Brasil da paralisia. Empresários, líderes políticos do PT e a maioria da população anseiam pela saída de Dilma e por um pacto nacional que resgate a credibilidade do País.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com


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