quarta-feira, 24 de maio de 2017

A desfaçatez dos agentes do atraso

Do leitor e jornalista Francisco Sidou, por e-mail:

Com a desculpa de que já existe outra lei "vigente", os "nobres" vereadores de Belém, por 18 votos a 3, rejeitaram projeto de lei do Dr. Chiquinho que obrigava as empresas concessionárias do transporte coletivo a instalar ar-condicionado em toda a frota da capital.
Com a reação justificadamente raivosa da população, que em má hora os elegeu, os "nobres" vereadores se apressaram em esclarecer que não são contra essa "melhoria", mas apenas estão "preocupados" com um possível novo aumento das tarifas e com a "quebra" de algumas empresas concessionárias do serviço. E o "zeloso" prefeito Zenaldo, que tem ampla maioria na Câmara, também "preocupado", mandou instalar uma Comissão Especial para estudar o assunto.
Ora, há mais de 15 anos que o assunto ar-condicionado nos ônibus vem sendo "debatido" no Conselho Municipal de Transportes, composto por 18 membros, nove representantes do poder público e nove da "sociedade civil organizada".
A lei dos "fresquinhos", de 2009, trata do transporte seletivo. Aliás, essa alternativa sempre foi um fracasso de público, pois cobra uma tarifa "seletivamente alta", hoje de R$-5. Grupo de Trabalho "para ganhar tempo" enquanto em outras capitais do Brasil, o transporte coletivo com ar-condicionado já existe há mais de 20 anos.
Por que essas soluções de mobilidade urbana sempre são muitos sofridas e proteladas em Belém? É que, desgraçadamente, quem manda na gestão dos transportes em Belém são os donos de ônibus, os maiores agentes do atraso, pois eles ganham justamente em cima do atraso. E têm força bastante para impedir soluções mais modernas como a linha fluvial urbana, cujas licitações sempre sabotaram nas "entranhas" da Semob.
"Nunca se fez um estudo técnico para dimensionar o impacto nos custos do ar condicionado nos ônibus comuns" - diz o competente economista Roberto Sena, do Dieese (PA). Os argumentos contrários são sempre empíricos e na base do terrorismo do aumento das tarifas, discurso que favorece justamente os interesses dos empresários do atraso, com a conivência ou leniência dos gestores públicos. E que mantém a população de Belém refém do calor e das precárias condições do transporte coletivo urbano. Em São Luís (MA) e em Natal (RN), os ônibus têm ar-condicionado e cobram uma tarifa de R$ 2,90, menor que a de Belém. Em Boa Vista (RR), os ônibus são çlimatizados e a tarifa é a mesma de Belém (R$ 3,10).
Até quando vão continuar as "tratativas & enrolatórias" de Grupos de Trabalhos nomeados para "ganhar tempo"? E os "novos" vereadores de Belém são apenas "caras pálidas novas" de uma velha política. Em sua maioria, são filhotes da elite econômica e política que ganharam de presente o mandato de vereador como seu "primeiro emprego". Para substituir suas mesadas e curtir a vida e as baladas numa "boa". Eles nunca andaram de ônibus nem pretendem andar jamais.

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